1. Considere o texto seguinte.
Quando os cientistas têm de escolher entre teorias rivais, dois homens completamente comprometidos com a mesma lista de critérios de escolha podem, contudo, chegar a conclusões diferentes. Talvez interpretem o critério da simplicidade de maneira diferente ou tenham convicções diferentes sobre os campos a que o critério de consistência se deva aplicar. Ou talvez concordem sobre estas matérias, mas divirjam quanto a pesos relativos a atribuir a esses e a outros critérios. No que respeita a divergências deste género, nenhum conjunto de critérios de escolha já proposto é útil. Quer dizer, há que lidar com características que variam de um cientista para outro.
T. Kuhn, A Tensão Essencial, trad. port., Lisboa, Ed. 70, 1989, p. 388 (adaptado)
1.1. Formule o problema de filosofia da ciência acerca do qual o autor toma posição.
1.2. Concorda com a tese central defendida? Justifique, relacionando a sua resposta com uma teoria estudada.
Resposta:
1.1. Formula correctamente o problema:
– «A ciência é objectiva?»
OU
«Há critérios objectivos na escolha de teorias científicas rivais?».
1.2.
Se o examinando concordar com a tese segundo a qual a ciência não é imune à subjectividade, pode argumentar que há elementos relacionados com a formação, com os interesses profissionais e com os valores pessoais dos cientistas que, inevitavelmente, interferem nas escolhas que fazem, o que os leva a discordarem frequentemente.
Se o examinando não concordar com a tese, pode argumentar que a discordância entre cientistas e o facto de, por vezes, serem influenciados por aspectos subjectivos não mostram que esses elementos subjectivos não possam ser eliminados, mas apenas que a objectividade não é o resultado da aplicação automática de um conjunto de critérios fixos, sendo antes o resultado de um processo contínuo de eliminação dos factores subjectivos.