web analytics

Geografia 10.º Ano – Recenseamento demográfico em Portugal: dados de entidades públicas acabam com inquéritos porta-a-porta

O recenseamento demográfico em Portugal vai passar a ser feito através do cruzamento de informações cedidas ao Instituto Nacional de Estatística (INE) por entidades públicas, sobretudo da Segurança Social e da Autoridade Tributária.

Se há dois anos ainda recebeu no Correio uma carta com os códigos de acesso para preencher os censos de 2021 pela internet, saiba que a partir de 2031 os inquéritos porta-a-porta, ou mesmo digitais, vão acabar.

O recenseamento demográfico em Portugal vai passar a ser feito através do cruzamento de informações cedidas ao Instituto Nacional de Estatística (INE) por entidades públicas, sobretudo da Segurança Social e da Autoridade Tributária.

A informação foi avançada pelo presidente do INE, Francisco Lima, à TSF. Este novo modelo vai permitir uma atualização anual da população residente, já a partir de 2025 ou 2026, estima o responsável pelo gabinete estatístico.

O novo modelo vai ainda permitir ao INE obter informações como o padrão de consumo que se altera com a chegada de um filho, o que, através dos tradicionais inquéritos, seria impossível de conseguir.

Segundo o INE, nas últimas décadas já se tem assistido a uma mudança na recolha deste tipo de dados em vários países da Europa. Noruega, Finlândia e Suécia adotaram o modelo baseado apenas em informações administrativas.

Países como Espanha, Itália e Alemanha têm uma combinação de inquéritos com elementos institucionais.

Fonte: Sic Notícias, consultado a 15 de novembro de 2023.

Geografia: Exame Nacional 2021/2022 – Demografia e População

1. Nas últimas décadas, Portugal tem vindo a registar alterações significativas na sua demografia.
A Figura 1 representa a taxa de variação da população residente em Portugal, por município, entre 2011 e 2021.

Figura 1 – Taxa de variação da população residente em Portugal, por município, entre 2011 e 2021.
Fonte: Divulgação dos Resultados Preliminares dos Censos de 2021, Destaque, INE, I.P., Lisboa, julho de 2021, p. 4, in www.ine.pt (consultado em outubro de 2021). (Adaptado)

1.1. De acordo com a Figura 1, duas das NUTS III em que dois dos municípios registam perda de população superior a 13,4% são
(A) Alentejo Central e Baixo Alentejo.
(B) Baixo Alentejo e Região de Aveiro.
(C) Viseu Dão Lafões e Alentejo Central.
(D) Região de Aveiro e Viseu Dão Lafões.

1.2. A taxa de variação da população residente nas regiões autónomas, de acordo com a Figura 1, evidencia
(A) um decréscimo populacional superior a 4,4% em todos os municípios da Região Autónoma da Madeira.
(B) um aumento populacional superior a 4,7% nos municípios do grupo oriental da Região Autónoma dos Açores.
(C) um decréscimo populacional inferior a 4,4% nos municípios da costa norte da ilha da Madeira.
(D) um aumento populacional inferior a 4,7% no município da área ocidental da ilha do Pico.

1.3. Na maioria dos municípios do interior de Portugal continental, os valores da taxa de variação da
população residente observados na Figura 1 devem-se, entre outras razões,
(A) ao saldo fisiológico positivo, resultante do aumento da taxa bruta de natalidade.
(B) ao crescimento natural negativo, resultante da diminuição da taxa bruta de mortalidade.
(C) ao saldo migratório positivo, resultante do aumento da imigração permanente.
(D) ao crescimento efetivo negativo, resultante do saldo natural negativo.

1.4. Uma medida que pode ser adotada para inverter a tendência de variação da população residente de
alguns municípios do interior de Portugal continental, evidenciada na Figura 1, é
(A) o investimento de recursos exógenos em centrais fotovoltaicas.
(B) o incentivo financeiro à fixação de empresas intensivas em mão de obra.
(C) a melhoria dos equipamentos sociais de apoio domiciliário aos idosos.
(D) a promoção do trabalho não qualificado em atividades agrícolas sazonais.

1.5. De acordo com a Figura 1, a maioria dos municípios da Área Metropolitana de Lisboa (AML) registou um crescimento populacional.
Refira dois impactes negativos deste comportamento demográfico, fundamentando a sua resposta no âmbito do ordenamento do território da AML.

Guião:
– Aprendizagens essenciais:
Tema 1. A população, utilizadora de recursos e organizadora de espaços
Subtema: A população: evolução e diferenças regionais
Conceitos: crescimento natural, saldo migratório, taxa de natalidade, taxa de mortalidade, taxa de mortalidade infantil, esperança de vida à
nascença, crescimento efetivo, estrutura etária, taxa de fecundidade, índice de renovação de gerações, índice sintético de fecundidade,
envelhecimento demográfico, índice de dependência de idosos, índice de dependência de jovens, nível de qualificação profissional, estrutura
ativa, desemprego, emprego temporário, taxa de alfabetização, taxa de desemprego, tipos de emprego, desenvolvimento sustentável, qualidade
de vida.
Subtema: A distribuição da população
Conceitos: êxodo rural, assimetrias regionais, capacidade de carga humana, despovoamento, litoralização, ordenamento do território.

Geografia – Natalidade: Estão a nascer mais bebés em Portugal pelo segundo ano consecutivo

Aumento da natalidade: nasceram 41.802 bebés no primeiro semestre de 2023, mais 2400 do que no mesmo período do ano passado.

Pelo segundo ano consecutivo, estão a nascer mais bebés em Portugal. Só nos primeiros seis meses do ano, o número de nascimentos aumentou 6%.
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, o número de nascimentos aumentou em 6% nos primeiros seis meses do ano, o que significa mais 2400 nascimentos do que no mesmo período do ano passado.
Depois da quebra histórica da natalidade em 2021, ano em que o país ficou abaixo dos 80 mil nascimentos, há agora uma recuperação.
E apesar de Portugal registar níveis pré-pandemia, este ligeiro aumento deverá manter-se contido.
Segundo a Associação Portuguesa de Demografia, a natalidade poderá não crescer mais devido às crescentes dificuldades económicas e aos diferentes estilos de vida dos portugueses.

Fontes:
SicNotícias, consultado a 22 de julho de 2023
Expresso, consultado a 22 de julho de 2023

Geografia: População do Japão envelhece a uma “velocidade estonteante”, mas a necessidade de dar sentido aos anos ultrapassa fronteiras

População do Japão envelhece a uma “velocidade estonteante”, mas a necessidade de dar sentido aos anos ultrapassa fronteiras

Com a esperança média de vida a aumentar e os nascimentos e casamentos a diminuir, a população japonesa tem vindo a reduzir-se e a envelhecer, tendência que se manterá. A par surge a solidão dos mais velhos, muitas vezes marcada pela falta de um ikigai – uma razão de viver. O retrato de um problema não só demográfico, mas sobretudo social, que não conhece fronteiras.

Michi Kakutani tem 78 anos e aderiu a um programa, promovido pelo Estado, de eutanásia voluntária para pessoas com mais de 75 anos. Esta é a história da protagonista do filme japonês “Plan 75”, lançado no ano passado e em estreia no Reino Unido este mês – sem data prevista para Portugal. Trata-se de ficção mas, segundo a realizadora, a solução está “longe de ser impossível” num país que é um dos que está a envelhecer mais rapidamente a nível global.

Com cerca de 126 milhões de habitantes, 30% da população do Japão tem 65 ou mais anos – um valor apenas ultrapassado pelo Mónaco, com 36%, segundo dados do Banco Mundial. A esperança média de vida atinge os 84 anos, um número que também coloca o país nos lugares cimeiros. Enquanto o tempo de vida se prolonga, a taxa de natalidade tem vindo a diminuir, situando-se em 1,3 filhos por mulher.

A conjugação destes fatores é “tremenda” e justifica como o índice de envelhecimento “cresceu esmagadoramente”, explica ao Expresso o presidente da Associação Portuguesa de Demografia (APD), Paulo Machado. “O Japão está a perder população mas, acima de tudo, é a mudança da estrutura etária que é brutal. O país continuará a envelhecer a uma velocidade estonteante, pelo menos até 2050, com quatro vezes e meia mais idosos do que jovens”, prevê o especialista.

Aspetos culturais e de estilo de vida estão na base desta evolução. A alimentação saudável, a prática de atividade física, uma forma de estar tranquila e até fatores genéticos são apontados como relevantes para a longevidade, não só dos japoneses, mas dos asiáticos em geral. A valorização e respeito pelos mais velhos é uma característica que “continua muito forte” no Japão, segundo Paulo Machado. Há até um feriado, desde os anos 1960, para o assinalar – a celebração ocorre na terceira segunda-feira de setembro.

Mas há outros valores relevantes, como a importância atribuída à família e ao casamento. “A taxa de nascimentos fora do casamento, que na Europa é enorme – em Portugal, por exemplo –, no Japão é muito baixa”, explica o demógrafo. Tal significa que os filhos apenas são considerados “legítimos” se nascidos no seio de um casamento – mas dar o nó é algo que tem vindo a diminuir ao longo dos últimos anos.

Uma percentagem recorde de homens (17,3%) e mulheres (14,6%) japoneses, com idades entre os 18 e os 34 anos, indicaram que não tencionam casar-se, revela um estudo governamental divulgado em setembro de 2022, relativamente a um inquérito realizado no ano anterior. “O entendimento de muitos jovens japoneses de que o casamento diminui a sua qualidade de vida ou que é difícil encontrar um parceiro à altura leva-os a retardar e, no limite, a nunca consumar o casamento”, justifica Paulo Machado.

TENTATIVAS DE MUDANÇA
Para o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, o envelhecimento da população e a baixa taxa de natalidade representam um risco urgente, alertou em janeiro. “O Japão está à beira de saber se pode continuar a funcionar como sociedade. Concentrar a atenção nas políticas relativas às crianças é uma questão que não pode esperar e não pode ser adiada”, afirmou. Uma nova agência foi criada, já em abril, para responder ao desafio.

“Sem capacidade de renovação geracional”, existe uma “preocupação muito grande, mais do que têm os europeus”, mas “o resultado é que não é o desejado”, resume o presidente da APD. No entanto, não é só o Japão a não conseguir alterar o curso deste caminho demográfico. “Aquilo que se demonstra, à escala mundial, é que onde as políticas surtiram algum efeito foi em países com regimes totalitários. A democracia convive mal com a demografia, do ponto de vista da transformação das condições através das políticas demográficas.”

Ainda assim, há uma certeza: a relação entre trabalho e família é determinante, através de horários flexíveis e da possibilidade de acompanhamento do crescimento dos filhos, por exemplo. “As alterações em termos da organização do trabalho são decisivas para facilitar ou, pelo contrário, dificultar a procriação. As medidas orientadas para a conciliação entre família e trabalho são as mais impactantes”, salienta Paulo Machado.

SENTIDO E PROPÓSITO
Para lá de um problema demográfico, encontra-se uma questão social: o envelhecimento que, muitas vezes, conduz ao isolamento e solidão – independentemente das coordenadas geográficas. “Fiz este filme especificamente para evitar que um programa como este se torne realidade”, esclarece Chie Hayakawa, em entrevista ao “The Guardian” na semana passada. A realizadora de “Plan 75” fala na importância de existir uma “razão para viver”.

Encontrar um sentido é “extremamente importante” na fase mais avançada de vida, classifica a gerontóloga Lia Araújo. Enquanto durante a juventude e na vida ativa não é necessário “um grande esforço para encontrar um sentido de utilidade e de propósito”, uma vez que se trata de algo “muito normativo” – como, por exemplo, frequentar a escola ou, depois, encontrar emprego –, tal “deixa de ser tão direto” a partir da reforma.

“É preciso que cada pessoa encontre um sentido relacionado com o seu percurso de vida, os seus interesses pessoais e também com aquilo que a sociedade oferece”, afirma a investigadora do CINTESIS, onde integra o grupo AgeingC, focado no envelhecimento. Para os japoneses, trata-se do ikigai, que se pode traduzir no motivo que nos faz acordar diariamente.

“O chamado projeto de vida não faz sentido só para um jovem, faz sentido também para uma pessoa mais velha. A pessoa mais velha cumpriu muitos objetivos, mas ainda deve acreditar que tem outros para cumprir. E quando ela perde esse foco e essa crença, perde sentido e é isso que, muitas das vezes, resulta em problemas sérios de sintomatologia depressiva e desejo de morrer”, como retratado no filme, enquadra Lia Araújo.

A ausência de um propósito coexiste, em muitos casos, com a solidão. “Infelizmente, esta é a realidade de muitas pessoas mais velhas em Portugal. Perdem companhia e objetivos, sentem que estão a dar trabalho e algumas acabam mesmo por desejar morrer. Isso é culpa de toda a sociedade”, declara a também professora da Escola Superior de Educação de Viseu. Paulo Machado acrescenta que “a revolta das pessoas é justamente porque não se consideram inúteis e, no entanto, a prática social acaba por permitir-lhes essa leitura, mas elas não são inúteis”.

Dados do Serviço Nacional de Saúde indicam que o sentimento de solidão aumenta com a idade: 9,9% entre os 50 e os 64 anos e 26,8% com 85 anos ou mais. “O que é terrível é verificarmos que, no dia a dia, para as coisas mais básicas, boa parte das pessoas mais velhas não podem contar com o apoio das pessoas mais novas. Temos um conjunto de pessoas em número crescente que não têm a capacidade de beneficiar desse jogo de interação intergeracional, que é decisivo para a sua qualidade de vida”, realça o demógrafo. “Isto é um quebranto em toda a linha. Não é só do ponto de vista demográfico, é o quebranto social, que afeta o mais estruturante da nossa vida coletiva.”

Fonte: Expresso, consultado a 8 de julho de 2023

Geografia: Espécies arbóreas indígenas em Portugal Continental

A paisagem florestal nacional que conhecemos tem leves resquícios do que já foi. Para trás, muito para trás, ficou um cenário que hoje apenas visitamos nas ilhas. Depois foram os Quercus, que compuseram o que agora se designa como floresta autóctone. Mas, pela mão do homem, tudo mudou e hoje o passado convive com novos visitantes, uns mais desejados que outros, uns mais nefastos que outros. Eis as espécies indígenas do país.

Fonte: Público, consultado a 7 de julho de 2023.

Notícias: Índice de aridez no Alentejo e Algarve

A aridez é um indicador de suscetibilidade à desertificação e, por isso mesmo, funciona como um sinal de alerta.

De acordo com o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação, no decénio 2000 a 2010, cerca de 63% do território do Continente está classificado com áreas suscetíveis à desertificação.

No Baixo Alentejo, os dados são ainda mais preocupantes: 94% do território é suscetível à desertificação e, em 38%, há suscetibilidade crítica.

Fonte: ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, consultado a 6 de julho de 2023.

Geografia 11.º ano – Quais são as principais árvores de Portugal continental

Quais são as principais árvores de Portugal continental?

Fonte: Pordata, consultado a 22 de março de 2023.

Os Campos Masseiras: o vinho que vem da praia (4/4)

Quando os campos masseira faziam parte do currículo escolar lembro-me de ter ficado maravilhada com o facto de este tipo de agricultura única no mundo ser originária daqui, da Póvoa de Varzim (das freguesias Estela, Navais e Aguçadora) e do concelho vizinho, Esposende (Apúlia e Fão). Não tenho memória do que se disse sobre as vinhas, que eram plantadas para fixar as areias nos valos, nem fazia ideia se saía dali vinho que valesse a pena. Até ter lido sobre o projecto de Ricardo Garrido, em parceria com o reconhecido enólogo Márcio Lopes. Logo ali ficou decidido que queríamos o Tubarão na vinharia.

Ele, o Tubarão, entrou na vinharia com o Ricardo Garrido neste tempo de confinamento. Por isso, não pudemos ter as grandes conversas que, normalmente, giram à volta do vinho. Soubemos que o Ricardo, que vive nesta zona, comprou as uvas aos agricultores, pediu ao Márcio Lopes para ver o que conseguia fazer e perdeu tempos infinitos com burocracias.

Enquanto falava connosco, o Tubarão, um palhete feito no estilo Pet-Nat*, brilhava em cima da mesa, à medida que ia libertando gotas em tons salmão e fazia crescer o interesse em prová-lo. Mas, antes disso, vamos saber um pouco mais sobre as masseiras.

Foram os monges, quem mais?

Então, este tipo de agricultura foi inventado por monges beneditinos da abadia de Tibães, no século XVIII, na mesma altura em que alguns destes monges frequentavam as praias da Póvoa de Varzim como terapia (a associação das duas coisas é extrapolação nossa).

A técnica destes monges consistia em fazer uma cova larga e funda nas dunas, de forma rectangular, e nos cantos dessa cova, nos ‘’valos’’, cultivar vinha para proteger a área central dos ventos. Nesta área, apesar da proximidade do mar, existe água doce e utilizavam-se os rebaixamentos do terreno para os campos ficarem mais próximos do lençol freático. Desta forma, ficavam também mais protegidos dos ventos e as vinhas à volta ajudavam a criar um efeito de estufa que favorecia o desenvolvimento das culturas. A fertilização com sargaço, fazia o resto.

Como a areia transmite mal o calor, ficando retido à superfície, as vinhas não podiam tocar no solo (basta lembrarmo-nos do momento em pisamos a areia com os pés descalços no pico do Verão). Assim, implementou-se um sistema de torniquetes, que consiste em levantar as videiras com estacas a um metro e meio dos solos. Isto permitiu um aumento da produção, que levou a uma generalização deste tipo de agricultura a partir do início do século XX, quando até aqui só existiam 20 proprietários a trabalhar nestes terrenos.

Nos dias de hoje, com a opção pelas estufas, as masseiras estão em vias de extinção e o que Ricardo Garrido espera conseguir com este projecto é resgatar uma cultura única.

A primeira colheita (2019) resultou numa produção de 600 garrafas e uma delas estava a brilhar em cima da nossa mesa (lembram-se?).

O vinho foi despejado nos copos e provado à distância que as actuais circunstâncias obrigam e, mesmo sabendo que os Pet-Nat são vinhos diferentes, conseguiu não só surpreender-nos como maravilhar-nos.

*Os Pétillant-naturel, que significa espumante natural, são vinhos produzidos seguindo o método Ancestrale, que consiste em engarrafar o vinho na primeira fermentação, quando o açúcar ainda não se converteu em álcool. A fermentação continua dentro da garrafa, gerando o gás carbónico. Aqui não são adicionados sulfitos, já que o próprio dióxido de carbono produzido pela fermentação natural, vai actuar como um antioxidante.

Fonte: Tua Wine, consultado a 12 de fevereiro de 2023.

Os campos Masseiras: fertilização feita nas masseiras (3/4)

A fertilização era feita com recurso a sargaço e pílado.

A sua apanha e recolha foi muito importante para aumentar a fertilidade dos solos arenosos. O pilado (Polybius henslowi) trata-se de um caranguejo rico em cálcio e magnésio, que combate os nemátodes. O seu alto teor em cálcio possibilita ainda uma melhor agregação dos pedes do solo. Este sistema de fertilização já era utilizado muito antes do nascimento deste sistema de produção, mas os materiais eram transportados apenas para terrenos próximos.

No passado, com o aparecimento do foral, a apanha do sargaço foi dada exclusivamente aos agricultores que trabalhavam nas masseiras. Também a Igreja impôs ordens, impedindo a apanha aos domingos e feriados. E mais recentemente foram impostas regras para que se gerisse a sua apanha, pois era um recurso escasso e passou apenas a ser permitida a sua apanha em épocas específicas.

No sargaço as principais espécies utilizadas são Sacchoriza polyschides e Laminaria hyperborea. Estas contêm alginatos, o que permite aumentar a retenção de nutrientes e água (uma vez que permite a subida da água por capilaridade). Este composto é colocado sempre no inverno, com o intuito das chuvas dissolverem e lixiviarem o sal. Assim, esta incorporação permitiu transformar solos arenosos (não propícios à agricultura) em terrenos agrícolas.

Atualmente as masseiras enfrentam uma série de problemas devido à substituição dos fertilizantes naturais por fertilizantes de síntese, devido à venda de areias dos moios (utilizadas sobretudo na construção civil) e devido à implantação de estufas.

A destruição dos moios tornou as masseiras maiores mas estas não apresentam tanta proteção conta os ventos. Os taludes foram substituídos por muros de tijolo e a paisagem foi, consequentemente, degradada.

A implementação de estufas nestes locais levou ao aparecimento de um microclima desfavorável devido à elevada humidade no seu interior, ao deficiente arejamento e ao aparecimento de pragas e doenças.

O lençol freático sofreu contaminação devido à substituição de corretivos orgânicos naturais por fertilizantes de síntese.

Acrescenta-se ainda que as masseiras têm vindo a ser substituídas por questões económicas, pois apenas fornecem rendimentos para autoconsumo.

Fotografias

Fontes: Câmara Municipal da Póvoa de Varzim e A Cientista Agrícola, consultado a 12 de fevereiro de 2023

Os campos Masseiras: sistema de Produção hortícola e contexto histórico (2/4)

Os sistemas de produção desta região dividem-se essencialmente em duas modalidades: sistema tradicional e empresarial.

A horticultura tradicional é efetuada em “campos masseiras”1. Estes agro-sistemas eram implantados nas dunas secundárias, no Noroeste Litoral de Portugal.

Ocupavam uma faixa litoral que se estende cerca de 6 a 10 km. Têm uma forma predominantemente retangular (o que facilita a drenagem superficial) e com um ligeiro declive para drenagem, sendo a sua dimensão aproximada de 1000 a 10000 e têm uma profundidade de aproximadamente 3 m (tendo sido rebaixados artificialmente por escavação).

As laterais do campo são designadas de moios, valos ou valados. Estes campos possuem estruturas para rega e drenagem (sistema de sangramento) que atenuam os efeitos desfavoráveis para as culturas inerentes à subida do lençol freático.

O rebaixamento é efetuado para que o campo fique mais próximo do nível freático o que é benéfico para a cultura pois permite que as plantas tenham acesso à água que necessitam para o seu desenvolvimento. Para além disso, protege as culturas dos ventos marítimos carregados de areia e sal, diminuindo assim o risco de acama da cultura e a deposição de sais sobre esta, assim como, diminui o efeito abrasivo da areia.

Facilita a evaporação de água que provoca um efeito de estufa favorável ao desenvolvimento da cultura pois torna a amplitude térmica menor. Como resultado, a temperatura na proximidade do lençol freático é maior, aumenta a evaporação e a humidade aérea da masseira.

Os moios das masseiras são estabilizados pelo cultivo de Vitis vinífera (vinha, que apresenta rápido desenvolvimento) que é ainda utilizada na produção de vinho. São geralmente utilizadas castas brancas e a vinha não é enxertada (pé franco).

O facto de o solo possuir salinidade e ser arenoso não permite o desenvolvimento da filoxera (praga da vinha), visto que esta não consegue escavar túneis e portanto concluir o seu ciclo de vida.

A areia da masseira transmite mal o calor, que fica retido sobretudo à superfície, podendo atingir os 80ºC no Verão. Deste modo, a vinha não devia tocar no solo (caso contrário, a produção era reduzida e os seus frutos eram apenas utilizados como uvas de mesa) pelo que houve a necessidade de se implementar um sistema de torniquetes – ao esticar o torniquete impede-se que a videira toque no solo. Este sistema (também designado levantamento sobre estacas) permitia que a produção aumentasse em quantidade e qualidade.

Era ainda utilizado um contrapeso – pedra de tamanho considerável enterrada para levantar o arame que suporta a vinha.

Nas masseiras era comum efetuar-se as seguintes rotações que se apresentam no quadro seguinte:

Fotografias:

Fonte: A Cientista Agrícola, consultado a 12 de fevereiro de 2023