Russell refere um relógio muito fiável que está numa praça. Esta manhã olhas para ele para saberes que horas são. Como resultado ficas a saber que são 9:55. Tens justificação para acreditar nisso, baseado na suposição correta de que o relógio tem sido muito fiável no passado. Mas supõe que o relógio parou há exatamente 24 horas, apesar de tu não o saberes. Tens a crença verdadeira justificada de que são 9:55, mas não sabes que esta é a hora correta.
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Filosofia 11.º Ano – Contraexemplos de Gettier: Caso I – Smith, Jones e as moedas no bolso
Suponha-se que Smith e Jones se tinham candidatado a um certo emprego. E suponha-se que Smith tem fortes provas a favor da seguinte proposição conjuntiva:
a) Jones é o homem que vai conseguir o emprego, e Jones tem dez moedas no bolso.
As provas que Smith tem a favor de a podem ser que o presidente da companhia lhe tenha assegurado que no fim Jones seria selecionado e que ele, Smith, tenha contado as moedas do bolso de Jones há dez minutos. A proposição a implica:
b) O homem que vai ficar com o emprego tem dez moedas no bolso.
Suponha-se que Smith vê que a implica b e que aceita b com base em a, a favor da qual ele tem fortes provas. Neste caso, Smith está claramente justificado em acreditar que b é verdadeira.
Mas imagine-se que, além disso, sem Smith o saber, é ele e não Jones que vai ficar com o emprego. Imagine-se também que, sem o saber, ele próprio tem dez moedas no bolso. A proposição b é assim verdadeira, apesar de a proposição a, a partir da qual Smith inferiu b, ser falsa.
Assim, no nosso exemplo, as seguintes proposições são verdadeiras: 1) b é verdadeira, 2) Smith acredita que b é verdadeira e 3) Smith está justificado a acreditar que b é verdadeira. Mas é igualmente claro que Smith não sabe que b é verdadeira; pois b é verdadeira em virtude das moedas que estão no bolso de Smith, ao passo que Smith não sabe quantas moedas tem no bolso e baseia a sua crença em b no facto de ter contado as moedas do bolso de Jones, que ele erradamente acreditar tratar-se do homem que irá ficar com o emprego.
Fonte: Edmund Gettier, «É a Crença Verdadeira Justificada Conhecimento?» (1963), in Analysis, vol. 23, pp. 121-123.
Filosofia 11.º Ano – Crença, Verdadeira, Justificada
– Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva
• Crença, Verdadeira, Justificada
– Crença, é a condição necessária para o conhecimento proposicional, porque não podemos saber que P (sendo que P é uma dada proposição) sem acreditar em P.
– Verdade, é uma condição necessária para o conhecimento proposicional, porque não podemos saber que P se P for falsa.
– Justificação, é uma condição necessária para o conhecimento proposicional porque não podemos dizer que sabemos que P se não tivermos razões para acreditar que P, temos o dever de acreditar em P.
– Podemos dizer que ao nível do conhecimento proposicional, a crença (atitude de adesão a uma determinada proposição, tomando-a como verdadeira) é uma condição necessária do conhecimento, mas não é uma condição suficiente: a verdade e a justificação da crença são condições necessárias.
– Crença, Verdade e Justificação, em conjunto, constituem condições necessárias e suficientes para o conhecimento.