Seca: barragem que abastece Baixo Alentejo não enche há uma década
A barragem do Monte da Rocha, em Ourique, fornece água para todo o Baixo Alentejo mas está a 9% e não enche há uma década. No entanto, Manuel Caetano, dono de um restaurante em frente à barragem, acredita que tem muita água ainda para vários anos.
Construída para abastecimento humano e rega, Monte da Rocha nem chegou este ano a disponibilizar água para rega, tal a pouca água que armazenou, destinada apenas a servir os concelhos de Castro Verde, Ourique, Almodôvar, Mértola e Odemira, que num total têm mais de 50 mil habitantes.
Aquele que já foi um grande reservatório de água trazida pelo rio Sado, para rega e para as pessoas de cinco concelhos, tem agora pequenos lagos no centro, longe de um parque de campismo que já teve desportos náuticos na “ementa”, e longe da aldeia de Chada Velha, que “ficava um ilhéu quando a barragem enchia”, recorda, por seu lado, Adílio Guerreiro, agricultor e trabalhador da Câmara de Ourique.
Parece difícil que aqueles pequenos lagos dispersos forneçam água a cinco concelhos mas Manuel Caetano, anos a olhar a barragem, garante que água não faltará nos próximos anos. E Ilídio Martins, presidente da Associação de Regantes e Beneficiários de Campilhas e Alto Sado (Alto Sado é outro nome para Monte da Rocha), com base em dados técnicos, afiança o mesmo.
As marcas da água são visíveis nas margens
Para já, Monte da Rocha nem parece uma barragem. A erva cresce e seca nas paredes e no leito e onde devia estar água crescem os juncos, as estevas, as urzes, as silvas e pelo menos um pequeno pinheiro já lá está, sinal de que há muito a água não cobre o terreno.
As marcas da água são visíveis nas margens, algumas com datas que Manuel Caetano sabe de cor.
Sentado na esplanada do restaurante, o calor que fica pela tarde e que o espelho de água já não ameniza, Manuel Caetano diz que ainda há quem vá por lá à pesca, mas agora já ninguém leva barcos.
A associação abrange os concelhos de Santiago do Cacém, Odemira e Ourique, mas Ourique praticamente não tem água para regar e parte de Santiago também não.
A associação gere cinco albufeiras, duas das três que estão “no vermelho”, Campilhas além de Monte da Rocha. Campilhas encheu pela última vez em 2013 e a água deste ano é apenas para rega de emergência e para dar de beber aos animais. E soluções para Campilhas, para já, dependem dos céus.
Monte da Rocha é ainda assim diferente. Ilídio Martins afirma que tem apenas 9,5 milhões e metros cúbicos de água, que este ano nem sequer abriu para a agricultura, mas que decorre o concurso público para a execução da obra e que dentro de dois anos a água de Alqueva pode chegar ali. E compor o “azar da natureza”.
Fonte: Sic Notícias, consultado a 8 de julho de 2023.