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Preparação para o Exame Nacional de Filosofia: Immanuel Kant e John Stuart Mill

1. Leia os textos A e B.
Texto A
Conseguimos portanto mostrar, pelo menos, que, se o dever é um conceito que deve ter um significado e conter uma verdadeira legislação para as nossas acções, esta legislação só se pode exprimir em imperativos categóricos, mas de forma alguma em imperativos hipotéticos.
Immanuel Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Coimbra, Atlântida, 1960, pp. 61 – 62
Texto B
O objecto da ética é dizer-nos quais são os nossos deveres, ou por que meios podemos conhecê‑los; mas nenhum sistema de ética exige que o único motivo de tudo o que façamos seja um sentimento de dever. […] O motivo nada tem a ver com a moralidade da acção, embora tenha muito a ver com o valor do agente. Quem salva um semelhante de se afogar faz o que está moralmente correcto, quer o seu motivo seja o dever, ou a esperança de ser pago pelo seu incómodo.
John Stuart Mill, Utilitarismo, Lisboa, Gradiva, 2005, p. 65
1.1. Distinga imperativo categórico de imperativo hipotético, considerando o Texto A.
1.2. Interprete o exemplo dado no Texto B segundo a perspectiva ética do autor.
2. Compare a ética de Kant com a ética de Stuart Mill.
Na sua resposta deve abordar, pela ordem que entender, os seguintes aspectos:
• o princípio ético da autonomia da vontade em Kant e o princípio ético da maior felicidade em Stuart Mill;
• o critério de moralidade em Kant e em Stuart Mill.
Respostas:
1.1. Na resposta, são referidos os aspectos seguintes:
– o imperativo categórico exprime a lei moral sob a forma de dever;
– só as acções praticadas em obediência ao imperativo categórico, por puro respeito à lei, têm valor moral; o imperativo categórico ordena sem condições;
– o imperativo hipotético ordena mediante condições. Neste caso, as acções são praticadas em função de inclinações, ou como condição para se atingir uma finalidade extrínseca, pelo que não têm valor moral.
1.2. Na resposta, abordam-se os seguintes aspectos, ou outros considerados relevantes:
– a acção de salvar alguém de se afogar (exemplo do texto) é moralmente correcta, independentemente da intenção do agente;
– o valor moral da acção depende das consequências da acção.
2. Na resposta, integram-se os seguintes aspectos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– segundo o princípio da vontade autónoma (racional), na ética formal de Kant, é na intenção do agente, na obediência ao imperativo categórico (dever), que se encontra o critério de moralidade; é moralmente boa a acção realizada por dever;
– segundo o princípio da maior felicidade para o maior número de pessoas, na ética utilitarista de Stuart Mill, são as consequências da acção que devem ser julgadas; é moralmente boa a acção cujas consequências beneficiem o maior número de pessoas, independentemente da intenção do agente;
– a ética de Kant é considerada deontológica, enquanto a ética de Stuart Mill é considerada consequencialista.
Fonte: IAVE, consultado em 14 de junho de 2019

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