– Quem são os menos favorecidos?
São definidos em relação a três domínios: as condições sociais, as aptidões naturais e a sorte no decurso da vida. Estão sujeitos a três espécies de azar nas suas vidas: o de nascerem, crescerem e viverem num meio social difícil; e de não serem dotados pela natureza das aptidões necessárias a uma vida satisfatória; e o de não terem, simplesmente, sorte na vida.
– Desigualdades boas: desigualdades que têm a capacidade de gerar os maiores benefícios para os menos favorecidos. O princípio da diferença recomenda-as. Rawls parte da ideia de que conceder melhores expetativas aos empresários e, acrescentamos, aos mais talentosos e capazes, é um incentivo que torna a economia mais eficiente; como uma economia mais eficiente gera mais riqueza, haverá, conclui Rawls, mais riqueza para redistribuir pelos menos favorecidos, que ficam assim na melhor situação possível.
– Que incentivos são esses e que efeitos têm nos mais capazes e talentosos?
Geralmente, os incentivos são financeiros. Antes de mais, são os do próprio mercado: ganhar mais. Mas podem ser também reduções nos impostos pagos pelos empresários e pelos que têm salários mais altos, apoios financeiros do Estado às empresas ou oferta de crédito mais barato às empresas através de bancos em que o Estado detém uma participação importante. O efeito que têm nos mais capazes e talentosos, é torná-los mais produtivos, o que levará a uma economia mais eficiente e rica.